História

Primeira moradia é vinculada à igreja
Apesar das péssimas condições de conservação, a casa situada na Rua Esteves Júnior serviu de abrigo por 32 anos

A Casa da Estudante foi fundada em 20 de janeiro de 1962, por iniciativa de um grupo de senhoras (professoras, profissionais liberais e outras) em conjunto com o Padre Francisco de Sales Bianchini e o então Bispo Dom Joaquim Domingues de Oliveira. Entre os apoiadores da fundação da casa, destacou-se o Governador Celso Ramos, que se responsabilizou pelo pagamento do aluguel do imóvel, que era de propriedade da senhora Alice Guilhon Petrelli.

As principais finalidade da casa eram:
– ser um abrigo para as universitárias procedentes de cidades do interior de Santa Catarina;
– atender exclusivamente às estudantes que não dispunham de recursos financeiros para custear seus estudos.

Na década de 60 a casa era vinculada à igreja e se chamava “Casa da Estudante da Juventude Católica de Florianópolis (CEJCF). A oficialização da casa deu-se no ano de 1968 quando o Estatuto foi publicado no Diário Oficial. Nesta mesma década, a casa foi desvinculada parcialmente da intervenção da igreja, passando a se chamar “Casa da Estudante Universitária (CEU)”.

Com o passar do tempo, a casa ficou em péssimas condições de uso. Faltavam verbas para comprar móveis e realizar uma reforma na casa. Em 1978, as moradoras conseguiram recursos junto ao governador do Estado e ao Ministério da Educação (MEC) para comprar cadeiras, camas, mesas e fogões, pois os que haviam no local estavam em péssimas condições.

Em 1981 começou o drama do “despejo”. Pois neste ano a Secretaria da Educação do Estado comunicou que não pagaria mais o aluguel da casa, apesar do convênio que tinha com a universidade, que fornecia subsídios para o pagamento das despesas com o aluguel.

Em maio de 1984, já havia a previsão de começar a construir a nova Moradia Estudantil no ano seguinte. Seriam construídos 276 apartamentos com a capacidade para 1400 pessoas no total.

Em 1985, foi iniciada a construção do primeiro parte da Moradia: o Centro Comunitário Estudantil. Segundo o Pró-Reitor de Assuntos da Comunidade Universitária, Álvaro Reinaldo de Souza, até o final do mesmo ano, aquela primeira etapa deveria estar concluída. O que não viria a acontecer.

Dois anos depois, em 1987, o governo de Pedro Ivo Campos resolve rescindir o pagamento do aluguel. A senhora Alice Petrelli estava decidida a vender a casa. Devido a iminência do despejo, as moradoras realizaram então manifestações, acampando em frente à Reitoria. Elas exigiam uma posição da Universidade quanto ao pagamento do aluguel.

Neste mesmo ano, as moradoras da CEU, localizada na Rua Esteves Júnior, no centro de Florianópolis, viveram um verdadeiro inferno. Falta de segurança, umidade nas paredes, instalações elétricas danificadas e canos entupidos eram os principais problemas. Mesmo assim, as moradoras insistiram em fazer daquela casa, com mais de 120 anos, um lugar agradável para morar.

Então, a Universidade resolve, na administração do reitor Rodolfo Joaquim Pinto da Luz, assumir o pagamento do aluguel, bem como das atividades de manutenção.

Também em 1987 iniciaram-se os trabalhos de terraplanagem da primeira etapa da Moradia Estudantil, localizada nos terrenos da UFSC. Para a segunda parte da construção, a universidade previa arrecadar recursos através de campanhas com as estudantes moradoras da CEU. Pois na etapa inicial seria construído apenas um galpão para abrigar os operários e a fábrica de artefatos de cimento.

O projeto da unidade foi elaborado pelo professor de arquitetura da UFSC e sua execução contou com a colaboração de dois ex-estudantes do curso de arquitetura e dois alunos bolsistas. Os recursos para a construção do prédio seriam baseados em orçamentos prórpios da universidade, somando ainda verbas da Prefeitura Municipal e do Governo do Estado, além de pedidos junto ao Governo Federal.

Em dezembro de 1994, era para ser iniciada a construção do primeiro bloco da Moradia Estudantil. Entretanto, somente a sapata do prédio chegou a ser feita. A obra foi desativada, inviabilizando a construção dos demais prédios da Moradia.

Um dos fatos que marcaram a década de 80, foi o surgimento da Casa do Estudante Universitário (CEU Mista). Um grupo de estudantes universitários que necessitavam de um lugar para morar, ocupou em 1981 uma casa abandonada e em péssimas condições de uso no campus da UFSC. Assim constituiu-se a Moradia Estudantil Mista, que desencadeou uma luta de resistência para a construção de novas casas.

Quando o Governo Federal comprou as terras para fundar a UFSC, esta casa era uma antiga residência da então fazenda. Além de ser a mais antiga construção do campus, a casa é um verdadeiro patrimônio histórico pois foi contruída com óleo de baleia e barro. Atualmente ela abriga dez universitários de diferentes cursos e regiões do país. Sua estrutura encontra-se bastante deteriorada pelo desgaste do tempo, ao longo de seus mais de 40 anos.

A Moradia Estudantil Mista não foi reconhecida pela universidade durantemuito anos. Somente em 1996 houve seu devido reconhecimento e ampliação.

No dia 13 de maio de 1994 foi inaugurado o  Centro Comunitário, que levou  nada mais nada  menos que nove anos e oito  meses para ser  construído.

No entanto, no dia 20 de agosto do mesmo ano,  um grupo de  23 moradoras da casa situada na  rua Esteves  Júnior, muda-se para o local. O  que  era para ser  apenas o Centro  Comunitário  acabou se transformando em casa  permanente,  a atual  Moradia Estudantil  Feminina.

Ao chegar na nova moradia as estudantes encontraram muitas dificuldades. Pois apesar de ser nova, sua estrutura interna era precária: não havia divisórias, nem móveis e o banheiro funcionava precariamente. Mas a segurança era o principal problema. Nas proximidades da casa, furtos e assaltos eram freqüentes.

Dezoito anos depois do projeto inicial da moradia, é inaugurado no dia 07 de outubro de 2003 o primeiro edifício dos cinco que constavam na planta original. O prédio atende a meninos e meninas, sendo portanto uma moradia mista.